terça-feira, 29 de abril de 2014

Não sei como foi a tua criação, em que ambiente sua infância foi construída. Eu passei a maior parte da minha vida feliz. Feliz com pouco. Mas bem feliz. É claro, reclamei muito já. Já banquei a ingrata também, mas acredito que aprendi muito. Quando era pequena convivi com minha prima- irmã. Minha mãe a adotou antes mesmo do meu nascimento. Irmã. Ou melhor, no simples Susi. Ela é uma garota simplesmente fantástica e cá entre nós, por ter aturado esse terror que fui com certeza irá para o céu. Nossa família era simples. Meu pai e minha mãe nunca nos deixou faltar nada. Mas também não tínhamos luxos, ou como diziam: supérfluos. Vez em quando inventávamos moda, queríamos ter aquilo que as outras crianças tinham. Naquele tempo dinheiro aqui em casa era algo contado, então nossos pais não tinham como nos dar aquilo que queríamos. A gente até entendia. Quando íamos no mercado, nossa mãe já nos avisava antes: "escolhem um doce ou alguma coisa que vocês querem comer, não peçam as coisas que a mãe não vai dar." Sabíamos que eles não nos davam porque não tinham ou até mesmo para que aprendêssemos a não ter tudo que queríamos. Nos finais de verão, o pai trazia lenhas do mato, o inverno se aproximava então procurava trazer alguns metros de lenha para sustentar o fogo durante o frio. Nessa época nosso trabalho era empilhar  lenhas. Passávamos a tarde  fazendo isso. Depois do serviço concluído a mãe inventava algo, uma pipoca doce e a gente fazia festa.  Brinquedos me lembro que tive, todos simples, mas estávamos mais costumadas a brincar com a terra. Também fazia da caixa de papelão onde ficavam as pantufas um avião. Me recordo da mãe vir brincar de pular corda conosco. Já o pai não. Ele não era muito participativo com essas coisas. Mas vez em quando jogava bola comigo no final da tarde. Me lembro bem do meu tio, ele sim brincava com a gente, principalmente de caçador. Não tem como esquecer de mencionar a peste que eu era. Menina levada. Menina do mato. Vivia nas capoeiras, queria ser que nem meu pai, achava que assim ele me daria atenção. Atenção. Coisa triste que marcou esse período. Talvez por ter sido a caçula por muito tempo e logo em seguida os holofotes virarem todos para meu irmão tenha me transformado nessa menina um pouco fria e revoltada. Na verdade isso não seria desculpa pelos meus atos irados durante a infância, não seria? Bom isso eu já não sei. Mas senti por um tempo muito longo a ausência de alguém vir sentar do meu lado e me elogiar. Fazia falta. Bom, nessa parte não quero me estender. Ainda não superei muito bem. Mas aprontei muito mesmo. Apanhava quase todo dia. Apanhava porque merecia. E acho que essa parte de apanhar é essencial para se educar ( psicólogos, educadores que me perdoem mas é verdade!). Sabe levo muitas recordações desse tempo. Não fui mimada por ninguém, e isso me fez bem. Apanhei, não ganhei tudo que queria, passei vontades, não tinha grana pra comprar o que os outros tinham, mas tudo isso me fizeram ser diferente, e acreditem EU NÃO MORRI pela falta disso ou por viver assim. Hoje as coisas procedem de outra forma. Vivemos bem, temos uma renda consideravelmente bem alta. Poderia ter tudo agora, mas mesmo assim meus pais fazem questão de nos lembrar que a essência de tudo não está no que eu quero de mão beijada, mas sim no suor de alguém que sabe que vai conseguir através do seu próprio esforço... Att: Dona do blog

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